quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Conquista

(Conselho: leia ouvindo "Lucky", de Jason Mraz e Colbie Caillat)


          Parado diante da longitude a qual estava de ser algo especial para você, pasmei. Faltava muito para que eu pudesse ser considerado realmente alguém... Você costumava falar tão pouco comigo. Uma palavra ou outra, quando era preciso. Eu costumava, ao ir dormir, pensar se algum dia conseguiria um lugar no seu coração, e por mais longe que estivesse, quando eu pensava em você, era como se não existissem distâncias. É claro, estar com você era bem diferente. Eu observava com pesar você dar prioridade a muitos outros, enquanto eu ficava para trás, esperando para falar com você, só para continuar no silêncio quando você ia embora sem nem ao menos se despedir.
          Até que um dia você parou para falar comigo. Seus olhos focavam os meus, e eles eram mais bonitos do que eu pensava. Você parecia se divertir com minhas palavras, enquanto eu me perdia nas suas, por mais simples que fossem. No final você sorriu, e a luz do seu sorriso foi tão bela quanto irreal. Eu comemorei internamente a conquista que havia feito, e para mim, ouvir sua voz falando comigo foi o maior prêmio naquele momento.
          Passamos a conversar com mais frequência, e eu pude conhecer seus detalhes mais íntimos. Seus gostos e desgostos, suas preferências, seus medos e suas bobagens. Você parecia cada vez mais divertida, e os abraços que foram surgindo me viciaram, me prendendo num círculo interminável entre desejo e realidade. Para minha alegria, a realidade, a certo ponto, tornou-se mais frequente do que o desejo.
          A cada dia você parecia melhor e mais próxima. Éramos amigos, e eu não mais sentia uma necessidade desesperada de estar com você, simplesmente porque meu desejo era complementado pelo seu. Você começou a me contar seus segredos, porque já sabia todos os meus. Minhas palavras tornaram-se mais concisas, assim como a sua habilidade de me prender a você foi aumentando.
          Passei a te conhecer de verdade, intimamente. Você não era nada como a pessoa que eu esperava. Não era melhor, nem pior, era simplesmente diferente. Quando conheci a pessoa que você realmente era, descobri que a pessoa pela qual era apaixonado simplesmente não existia. O que eu tinha agora era uma grande amiga, alguém em quem confiar a todos os momentos. Quem um dia me parecera inalcançável, agora era minha companhia de todos os momentos. Você era então minha amiga, e era assim que permaneceria. Pela primeira vez, isso não me deixou nem um pouco chateado.

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